O olhar feminino estará refletido em telas do Recife e Camaragibe entre os dias 14 e 19 de agosto, quando acontece a segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Realizadores, o FINCAR. Para além de exibir filmes feitos por mulheres, o evento tem a proposta de estimular o debate com as cineastas e contribuir com a formação das participantes. Ao todo, serão mais de 70 títulos exibidos no Cinema São Luiz, Cinema da Fundação Joaquim Nabuco e no Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro. De acordo com a sala, as sessões terão entradas gratuitas ou custando até R$ 3.
“O fincar surgiu da minha observação e da de Livia de Melo (produtora) sobre a importância de se afirmar a autoria das mulheres no campo cinematográfico e de se debater com o público essas obras trazendo as realizadoras ao centro do debate. Nessa segunda edição, soma-se a motivação de se fazer o espaço da equipe do FINCAR um espaço de formação para as mulheres também”, explica Maria Cardozo, que idealizou o festival. Curtas, médias e longas-metragens de todas as partes do mundo foram selecionados pela curadoria de 13 mulheres, que avaliaram 1168 filmes. A maioria do Brasil, que inscreveu 320 produções.
“Aumentamos nossa equipe, trazendo mulheres de experiência e vivências audiovisuais diversas para fazermos um debate estético-político sobre o cinema de realizadoras. O festival está focando em formação: seja de sua equipe, seja de público. Então a etapa de curadoria foi longa e de muitas trocas, foi um processo de formação para todas nós”, comenta Maria Cardozo, ao adiantar que, para contribuir com a formação do público, o evento também tem investido em tempo de debate após as sessões.
O resultado da ampla curadoria é uma programação bastante inclusiva. Pela primeira vez no festival, uma diretora indígena irá exibir um filme na programação. É o caso de Patrícia Ferreira, que co-dirigiu o média-metragem “Teko Haxy – Ser Imperfeita” com Sophia Pinheiro. O II FINCAR também faz história com a sessão do documentário “O Caso do Homem Errado”, de Camila de Moraes, que rompe o hiato de 34 anos sem longa-metragem de realizadora negra em circuito comercial. Inclusive, a realizadora estará presente na sessão de sábado (18), no Cinema São Luiz.
As comunidades que vivem ao redor dos cinemas também contarão com ações para aproximá-las do festival. Já a sessão do média “Mulheres Rurais em Movimento” contará com a presença das ativistas do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste / MMTR-NE, que participaram da direção coletiva do filme. Elas virão de Caruaru e de outros estados do Brasil para participar da exibição no São Luiz na quinta (16). No domingo (19), o filme volta a ser exibido, mas desta vez no Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro, em Camaragibe.
Outra novidade é o espaço dedicado ao cinema de animação realizado por mulheres de diversos países. A mostra compõe a Sessão Infantil, que será destinada a estudantes de escolas públicas das duas cidades anfitriãs.
“Em pleno 2018, que imagens projetar numa tela de cinema aproveitando os momentos de ajuntamento e debates proporcionado pelo cinema? Como resultado dessas provocações que nos fizemos a curadoria. Nesse processo, percebendo a potência das nossas diferenças e refletindo sobre o presente, chegamos a uma programação compostos por filmes que buscam intervir no real, construir contra-narrativas e tensionar a ordem social de quem pode olhar e de quem é invisibilizado”, adiantou Maria sobre a proposta da programação.